ORIXAS

YANSÃ



Yansã é a senhora dos ventos, das tempestades. Como Orixá altiva, poderosa, guerreira, Iansã tem a força que aplaca os raios e os trovões. É valente e briguenta, não aceita ordens nem escuta desaforos.

É independente, nunca se deixa dominar, só obedece a si própria. Seu temperamento é sensual e autoritário. É o único Orixá com poder para controlar a ação de espíritos negativos. Junto com Omolú é a dona dos cemitérios sua cor é o amarelo escuro , é sincretizada com santa Barbara, festejada em 4 de dezembro.

Yansã reIaciona-se com todos os elementos da natureza. A água, sob formal de chuva, de tempestade. O ar, sob a forma do vento da tempestade, que arranca árvores, derruba casas. No seu aspecto benéfico, foi o ar de YANSÃ que espalhou as plantas medicinais, anteriormente guardadas por OSSAIN numa cabaça. Ligada a floresta, ela se transforma em um búfalo, cervo ou elefante. Propicia a caça abundante. Mas sua essência é o movimento e o fogo, é o ORIXÁ do raio. Esta relação com o movimento e o fogo faz de YANSÃ uma divindade do sexo e do amor. Ela é rainha por ser a predileta de XANGÔ. E por ser mãe e rainha dos EGUNS, é o único ORIXÁ que não tem medo dos mortos. Seu número é o nove, produto de 3 X 3 - o par Inicial mais um, indicando continuação - puro movimento. Seus objetos são uma espada de cobre e um "espanta moscas", com o qual mantem os EGUNS afastados.

YANSÃ é a filha de YEMANJÁ com OXALÁ e a esposa preferida de XANGÔ. É guerreira e aventureira como ele, mulher de muitos homens (OXÓSSI, OGUM E XANGÔ).

Yansã pode ser ligada ao arcano do tarô a Imperatriz, ela representa como Orixá, a mulher que pode governar dentro da realidade terrena, ligando o espírito com a carne. Esse arcano sugere uma ligação espiritual pelo emblema da águia no escudo que carrega. A conotação material é maior que a espiritual, pois o arcano traz entre outros significados, a mensagem das riquezas e da fartura como forma de contentar o espírito. Na mitologia grega esse Orixá é representado por Juno ou Hera, deusa combativa da guerra. A palavra chave de Iansã é oculto.

Yansã é Orixá dos ventos, raios e tempestades. Responsável pelas transformações, (mutações e mudanças) ligadas às coisas materiais, fluidez de raciocínio e verbal, Orixá intimamente ligada aos avanços tecnológicos. É a grande guerreira.

Yansã é orixá de um rio, conhecido como níger, (em Iorubá =oyá). Este rio é imponente e atravessa toda a África. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através dos seus afluentes e por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Oyá, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar. Este rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra.

Yansã é também agitada como o próprio vento. Extrovertida e sensual como poucas. Senhora absoluta dos eguns, além de esposa predileta de Xangô, divide com ele o domínio sobre as tempestades. Destemida, justiceira e guerreira, essa orixá NÃO teme nada.

É um Orixá feminino muito famoso, sendo uma das mais populares figuras entre os mitos do Candomblé no Brasil, Portugal e África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Oyá. Yansã é mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Yansã.

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, Yansã está relacionada com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasceu da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio da chuva, é a filha do fogo. A tempestade é o poder manifesto de Yansã, rainha dos raios e das ventanias.

Yansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, sendo a batalha do dia-a-dia, a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva e o seu ódio. Dessa forma, passou a ser identificada muito mais com todas as atividades relacionadas ao homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional.

Yansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento. O fato de estar relacionada a funções tipicamente masculinas não afasta Yansã das características próprias de uma mulher sensual, fogosa e ardente; ela é extremamente feminina e o seu número de paixões mostra a forte atração que sente pelo sexo oposto.

Yansã teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores, conquistou grandes poderes e tornou-se Orixá. Assim, Yansã tornou-se mulher de quase todos os Orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Yansã não está necessariamente relacionada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.

O temperamento de Yansã como Orixá costuma ser instável, exagerado e até dramático em questões que, não mereceriam tanta atenção e, principalmente tão grande dispêndio de energia.

Ao mesmo tempo em que têm caráter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis, costuma fascinar os que a cercam. Extrovertida e chocantemente direta.

Ciumenta, possessiva, mostra-se muitas vezes incapaz de perdoar qualquer traição. Todas essas características fazem de Iansã a Orixá com mais dificuldade em manter relacionamentos duradouros e é a Orixá que sempre está disposta a destruir tudo com o seu vento forte e arrasador. Este Orixá oferece muito otimismo e ainda auxilio nas grandes paixões. Possui um espírito aventureiro como nenhum outro e ama a liberdade acima de qualquer coisa. É alegre e esta sempre de bem com a vida. Considerada a mãe da ventania e dos trovões, Yansã impressiona pela sua independência. Quando os orixás se apresentam nas cerimônias, a primeira entidade feminina a surgir é Yansã. Sua imagem está ligada à uma mulher guerreira, que defende tudo com unhas e dentes, mas o amor e a alegria que ela espalha em todos os momentos são também grandes características suas. A rainha dos ventos, dos raios e das tempestades tem um temperamento apaixonado, dominador e corajoso. Essa sua força pode ser mal-interpretada e passa a imagem de autoritarismo. Seus filhos podem se mostrar pessoas mal-humoradas e extremamente geniosas. São capazes de mudar suas vidas em nome de um grande amor ou de um ideal. Extrovertidas e leais, elas geralmente nao consegume esconder suas alegrias e tristezas.

Yansã é a aplicadora da Lei na vida dos seres emocionados pelos vícios. Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres: ela os esgota e os redireciona, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma menos "emocional".

Yansã, em seu primeiro elemento é ar e forma com Ogum um par energético onde ele rege o pólo positivo e é passivo pois suas irradiações magnéticas são retas. Yansã é negativa e ativa, e suas irradiações magnéticas são circulares ou espiraladas.

Observem que Yansã se irradia de formas diferentes: é cósmica (ativa) e é o orixá que ocupa o pólo negativo da linha elemental pura do ar, onde polariza com Ogum. Já em seu segundo elemento ela polariza com Xangô, e atua como o pólo ativo da linha da

Justiça, que é uma das sete irradiações divinas.

Na linha da Justiça, Yansã é seu aspecto móvel e Xangô é seu aspecto assentado ou imutável, pois ela atua na transformação dos seres através de seus magnetismos negativos.

Yansã aplica a Lei nos campos da Justiça e é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pela linha reta da evolução.

As energias irradiadas por Yansã densificam o mental, diminuindo seu magnetismo, e estimulam o emocional, acelerando suas vibrações.

Com isso, o ser se torna mais emotivo e mais facilmente é redirecionado. Mas quando não é possível reconduzi-lo à linha reta da evolução, então uma de suas sete intermediárias cósmicas, que atuam em seus aspectos negativos, paralisam o ser e o retém em um dos campos de esgotamento mental, emocional e energético, até que ele tenha sido esgotado de seu negativismo e tenha descarregado todo o seu emocional desvirtuado e viciado.

Yansã possui vinte e uma Yansãs intermediárias, que são assim distribuídas:

- Sete atuam junto aos pólos magnéticos irradiantes e auxiliam os orixás regentes dos pólos positivos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo os princípios da Justiça Divina, recorrendo aos aspectos positivos da orixá planetária Yansã.

- Sete atuam junto aos pólos magnéticos absorventes e auxiliam os orixás regentes dos pólos negativos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo seus princípios, recorrendo aos aspectos negativos da orixá planetária Yansã.

- Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias, onde, regidas pelos princípios da Lei, ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou os direcionam para as faixas negativas.

Enfim, são vinte e uma orixás lansãs intermediárias aplicadoras da Lei nas Sete Linhas de Umbanda.

Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos, não é de se estranhar que nossa amada mãe Yansã intermediária para a linha da Fé nos campos do Tempo seja confundida com a própria Oiá, já que é ela quem envia ao tempo os eguns fora-da-Lei no campo da religiosidade.

Yansã do Tempo, não tenham dúvidas, tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo onde serão esgotados.

Mas, não tenham dúvidas, antes ela tenta reequilibrá-los e redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo onde o magnetismo os esvazia quando vê que um esgotamento total em todos os sete sentidos é necessário. E isto o Tempo faz muito bem!

Já Yansã Bale, do Bale, ou das Almas, é outra intermediária de nossa mãe maior lansã que é muito solicitada e muito conhecida, porque atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão sustentação à vida e, como vida é geração e Omulu atua no pólo negativo da linha da Geração, então ela envia aos domínios de Tatá Omulu todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça Divina.

Logo, seu campo escuro localiza-se nos domínios do orixá Omulu, que rege sobre o lado de "baixo" do campo santo.

Mas também são muito conhecidas as Yansãs intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios, do Mar, das Cachoeiras e dos Ventos (Yansã pura). As outras assumem os nomes dos elementos que lhes chegam através das irradiações inclinadas dos outros orixás, quando surgem as Yansãs irradiantes e multicoloridas. Temos:

• uma Yansã do Ar.
• uma Yansã Cristalina.
• uma Yansã Mineral.
• uma Yansã Vegetal.
• uma Yansã Ígnea.
• uma Yansã Telúrica.
• uma Yansã Aquática.

O fato é que ela aplica a Lei nos campos da Justiça Divina e transforma os seres desequilibrados com suas irradiações espiraladas, que o fazem girar até que tenham descarregado seus emocionais desvirtuados e suas consciências desordenadas!

Oferenda: Velas brancas, amarelas e vermelhas; champagne branca, licor de menta e de anis ou de cereja; rosas e palmas amarelas, tudo depositado no campo aberto, pedreiras, beira-mar, cachoeiras, etc.




 OXUM
DEUSA DA ADIVINHAÇÃO E DA FECUNDIDADE


OXUN é a divindade da água doce. Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino.

Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama.

Identificada com Nossa Senhora das Candeias. Nos xangôs é Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade de Recife, com festa a 16 de julho. No Rio de Janeiro sua identificação é com Nossa Senhora da Conceição e sua data festiva 8 de dezembro. Também identificada com Santa Catarina.

Os rios, em quase todas as mitologias, são moradas de deuses ou a própria divindade. O rio é um caminho mágico. Na Europa, os deuses fluviais mais comuns aparecem com a forma de touro, porco, cavalo ou serpente. Os africanos de Iorubá, bem mais poéticos, fizeram de lindas mulheres as deusas dos seus rios, como o Oiá (Niger) e o Oxun.

Oxun é adorada às margens do rio que tem o seu nome e deságua na lagoa de Olobá, rente ao golfo de Guiné, após atravessar o território de Ijexá. Por esse motivo, o toque dos atabaques, que acompanha sua dança no candomblé, é denominado ijexá.

A dança de Oxun é mímica da mulher faceira, que se embeleza e atavia, exibindo com orgulho colares e pulseiras tilintantes. Diante do espelho, sorri, vaidosa e feliz, por se ver tão linda e sedutora. E é com muito dengue que ela se abana com o abebé.

Essa doçura de encanto feminino, porém, não revela a deusa por inteiro. Pois ela é também guerreira intrépida e lutadora pertinaz.

Conta-se que Oxun era soberana de um grande reino, cujas riquezas atraíram a cobiça dos Ioni, seus vizinhos. Os Ioni invadiram o país, multiplicaram os saques, tomaram a capital e apoderaram-se da fortuna da rainha.

Para não ser aprisionada, Oxun fugiu numa jangada nas trevas da noite e pediu a proteção do alto. Depois, por inspiração divina, ela ordenou aos seus súditos que preparassem abarás e deixassem na praia.

Os invasores chegara e, como estivessem famintos, apanharam logo os abarás e comeram. Dentro não havia veneno e sim a força divina. Todos ciaram mortos. Oxun, assim, logo retomou a posse de sua fortuna e de seu reino.

Daí por diante, devido à vitória, ganhou a nome de Oxun-Ioni, uma das dezesseis Oxuns.

Oxun-Apará foi mulher de Ogun. Ela acionava com ritmo o fole da forja do deus-ferreiro e a cadência do ruído do fole fez dançar um egungun que passava. Por isso disseram que ela era a "tocadora do fole musical que faz dançarem os egunguns."

Das iyabás, isto é, os orixás femininos, só OXUN tem o direito de penetrar no reino de Ifá, o senhor da adivinhação: ela pode jogar o edilogun, os dezesseis búzios divinatórios de Exu.

Quando voltaram à terra, os Orixás organizaram suas assembléias como primado dos homens. Oxun, mulher, não foi convidada. Mas logo todas as mulheres se tornaram estéreis e as decisões tomadas nas reuniões dos orixás jamais tinham êxito.

Tudo só voltou ao normal quando Oxun também foi convidada a integrar a assembléia dos orixás. Pois Oxun, orixá das águas, é uma deusa da fecundidade e, portanto, da criação.

As mulheres a ela recorrem, quando desejam ter filhos. Oxun ajuda nos partos, como a Artemis Lokeía. Orixá da fecundidade, revive as deusas lunares de várias mitologias, que simbolizam a terra-mãe.

Nada mais lógico do que esse atributo, pois, sendo o orixá da água doce, sem Oxun não existiriam os vegetais.Tudo morreria. Pois são os cursos d'água que irrigam e fertilizam a terra, renovando e perpetuando a vida.

O Alcorão, em algumas suras, descreve o paraíso como um lugar por onde corre um rio, em cujas margens vicejam os jardins e os pomares.

No hagiológio umbandista Oxun lidera a legião das Sereias, a primeira das sete legiões da linha de Iemanjá, a quem está subordinada. Os presentes para Oxun, semelhantes aos oferecidos a Iemanjá, costumam ser deixados junto das fontes e regatos, constando de champanhe, vinho branco ou moscatel, flores com fitas brancas e azuis, pó-de-arroz branco, pente branco pequeno, espelho branco, perfumes...

Nos pontos cantados ela é chamada "mamãe Oxun", uma reminiscência da sua condição de deusa da fertilidade, como todas as iyabás das águas. Por vezes é confundida com a Uiara dos índios e caboclos, forma lacustre e fluvial da sereia européia.

É o Trono Regente do pólo magnético irradiante da linha do Amor e atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união.

Seu elemento é o mineral e, junto com Oxumaré, forma toda uma linha vertical cujas vibrações, magnetismo e irradiações planetárias multidimencionais atuam sobre os seres e os estimula ou paralisa. Em seus aspectos positivos, ela estimula os sentimentos de amor e acelera a união e a concepção.

Na Coroa Divina, a Orixá Oxum e o Orixá Oxumaré surgem a partir da projeção do Trono do Amor, que é regente do sentido do Amor.

Oxum assume os mistérios relacionados à concepção de vidas porque o seu elemento mineral atua nos seres estimulando a união e a concepção.

A energia mineral está presente em todos os seres e também está presente em todos os vegetais. E por isto Oxum também está presente na linha do Conhecimento, pois sua energia cria a "atração" entre as células vegetais carregadas de elementos minerais. Já em nível mental, a atuação pelo conhecimento é uma irradiação carregada de essências minerais ou de sentimentos típicos de Oxum, a concepção em si mesma.

A água doce, por estar sobrecarregada de energia mineral, é um dos principais "alimentos" dos vegetais. Logo, Oxum está tão presente nas matas de Oxóssi quanto na terra de Obá, que são os dois Orixás que pontificam a linha vertical (irradiação) do Conhecimento. A Senhora Oxum do Conhecimento é uma Oxum vegetal pois atua nos seres como imantadora do desejo de aprender.

LENDAS

Oxum sempre foi mulher vaidosa, bela e elegante ofuscava a todos com seu brilho vistoso. Uma coisa, porém fazia-lhe falta, queria muito saber sobre os mistérios de Ifá.

Oxum tinha sede do conhecimento dos oráculos, precisava conhecer o passado, presente e futuro, somente assim se sentiria realizada. Pensou bastante a respeito e resolveu procurar Exu, usou toda sua doçura e encanto para que ele lhe ensinasse os segredos. Exu sentiu-se atraído pela bela mulher, mas não era de entregar nada gratuitamente e lhe propôs um trato. Se ela ficasse junto dele por sete anos fazendo todos os serviços de sua casa, entregaria os mistérios que ela tanto desejava. Oxum aceitou e durante todo o tempo do trato, lavou, passou e cozinhou para Exu.

No final do período tratado, Exu cumpriu o que havia prometido e liberou-a. A moça, entretanto havia se apaixonado e mesmo com os segredos em mãos preferiu continuar morando com ele. Assim viveram por muito tempo em perfeita harmonia. Um dia Oxum estava à beira de um rio cantando com maviosa voz enquanto penteava os cabelos. Xangô, que por ali passava, escondeu-se para ver de onde vinha tão maravilhosa melodia.

Ao deparar-se com a beleza encantadora da bela mulher enamorou-se perdidamente. Impetuoso como sempre, foi até ela e declarou-se. Ela, porém, explicando sua condição de casada e feliz, recusou o amor que o homem dizia sentir. Tomado de fúria, não admitia ser contrariado, agarrou a mulher e levou-a para seu reino onde a trancafiou no alto de uma torre de onde somente sairia para unir-se a ele. Dias e noites sem fim se passaram e Oxum em sua masmorra apenas chorava em desespero. Enquanto isso, Exu vasculhava por todos os cantos do mundo a procura da mulher que aprendera a amar e respeitar. Quando já estava para desistir, resolveu descansar à sombra de uma árvore, quando ouviu um canto melancólico e reconheceu imediatamente a voz que tanto amava. Rapidamente subiu até a torre e tomou conhecimento de tudo que acontecera. Tentou de todas as formas tirá-la dali, mas Xangô havia sido previdente, usara de um artifício mágico que deixava a mulher presa dentro de um circulo e somente ele conseguiria libertá-la. Sentindo-se derrotado, Exu foi embora jurando que voltaria. Andou sorumbático pelos caminhos, a cabeça em turbilhão, quando se deparou com um velho que perguntou o porquê daquela tristeza. Onde estava a alegria tão comentada de Exu?

Ele não teve forças para responder, apontou o alto da torre que se via ao longe. O velho era Orunmilá e não precisou de mais detalhes, apenas queria saber o tamanho do amor que unia aqueles dois e a resposta do rapaz foi o suficiente. Tirou um saquinho de sua vestimenta e entregou a ele recomendando que aspergisse seu conteúdo sobre Oxum. Cheio de alegria e esperança Exu voltou correndo à prisão de sua amada. Sem dizer nada apenas jogou sobre ela todo o pó que Orunmilá lhe dera. No mesmo instante Oxum transformou-se em uma linda pomba dourada e saiu voando direto para seu lar onde mais tarde se reencontraram e viveram felizes por muitos anos.